resistencia

Wednesday, October 26, 2005

O GRITO DAS PEDRAS


De repente, não sei bem porquê, passou-me sob olhos esta fotografia... as ruínas da glória imperial, nas colónias do Oriente.
E lembrei-me de ir ao meu diário buscar a página de seis de Outubro:

Se estes se calarem, até as pedras hão de gritar (Lc 19, 40).

É evidente que o contexto não nos deixa muito espaço de manobra na interpretação das palavras de Jesus:
Ele, segundo o hábito dos profetas, cujos gestos eram tão eloquentes como os seus discursos, às vezes mais provocantes do que eles, decide fazer uma entrada solene na Cidade Santa, que todo o judeu venera como realidade e símbolo, entre o que de mais sagrado tem a sua fé. Fé que adora um Deus próximo, empenhado na história dos homens.
As crianças entusiasmam-se e cantam... os zelosos guardiões do Templo, que permitiam a ruidosa presença dos comerciantes de gado, escandalizam-se, mais por inveja – era Jesus que toda aquela gente louvava – do que por zelo real.
Lembram a Jesus o carácter extravagante da cena e querem que Ele mande calar as crianças.
A resposta do Mestre parece óbvia, tão óbvia que se lê quase sempre esquecendo o carácter profético de toda a cena, que, como qualquer profecia, tem vários níveis de leitura e interpretação.
Jesus, os discípulos, o jumentinho com a jumenta, a Cidade Santa, as crianças, o Templo, o escândalo dos bons... O silêncio dos homens e o grito das pedras.
Mas as pedras não chegam a gritar, porque o silêncio querido pelos fariseus não chegou a existir.
Agora, imaginemos o que aconteceria se, no contexto da cena, os homens se calassem. E podiam calar-se por inúmeros motivos: por falta de atenção, por ignorância, por comodismo, preguiça ou má vontade.
Teríamos o grito das pedras, porque há silêncios que se tornam intoleráveis pelas injustiças que directa ou indirectamente promovem.
O trágico é que tal grito se mistura com sangue e lágrimas de pessoas inevitavelmente esmagadas, de valores irremediavelmente perdidos, de sonhos desfeitos na madrugada da concretização.
Além de que, quando gritam as pedras, os homens tornam-se menos lúcidos, e mentira mascara-se mais facilmente de verdade.
E quem não falou na altura devida, talvez esperando pelo grito das pedras, torna-se responsável por esse sangue e por essas lágrimas.

Tuesday, October 25, 2005

NO DIA SEGUINTE


Tarde cinzenta, de leivas sedentas, olhando o firmamento, onde as nuvens que passam, fugindo de quem as olha com cepticismo, têm às vezes o ar cruel de quem se ri da fome e da sede que poderiam e não querem saciar...
Há uma voz feminina que executa um belo trecho musical, daqueles que aliviam o espírito, não propriamente distraindo-nos da vida, mas ajudando-nos a sublimar as inquietações e as dores que tentam torná-la insuportável.
Tem o seu quê de misterioso - talvez um apelo de muitas gerações traídas (ontem e hoje) - o timbre desta mulher, que parece mais abrir-se em confidências dolorosas do que cantar para deleite dos amantes da boa música.
Ou será o estado do meu mundo interior, com este céu cinzento, que nem sequer sabe prometer, que assim condiciona a minha emoção estética?
De repente, já não é a voz de uma cantora que ouço, mas uma série de gritos... mulheres? crianças? Punhos no ar, esquemas ideológicos, manipulando bons princípios, jogando com verdades indiscutíveis que se põem conscientemente ao serviço da mentira... E aqueles que afirmam estar do lado dos mais fracos recusando-se a dar voz a quem não a tem.
É por isso que não resisto a deixar aqui, na sua língua original, um parágrafo do texto em que uma mulher, uma dos milhares, se não milhões, a que as ideologias referidas não dão voz, uma mulher que conta, com uma serenidade que ainda me faz ter mais vergonha dos silêncios com que tenho pactuado, a sua própria tragédia.
Um parágrafo apenas, dos últimos (os sublinhados são do texto original):

Al abortar rompí con el pasado, de alguna forma me desprendí de él y sin darme cuenta me había lanzado a la incertidumbre que siempre había temido. Todavia a veces tengo miedo a lo desconocido, miedo a no aceptarme c omo mujer, miedo a lso ninos, miedo de las embarazadas, miedo a entablar una relación con un hombre, miedo a vivir mi vida, a no saber cómo hacerlo. El aborto me supuso una liberación de las ataduras con la vida que antes llevaba, pero también fue negarme como mujer. La bondad e sencillez de mis sobrinos y los hijos de mis amigos han hecho que me entregara a ellos sin remordimiento. Creí que nunca podría volver a jugar con los ninos.

Saturday, October 22, 2005

INFIDELIDADES



Primeiro, uma página antiga do meu diário:Disse-lhe também a seguinte parábola: Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou. Disse ao encarregado da vinha: Há três anos que venho procurar fruta nesta figueira e não a encontro; para que está ela a ocupar a terra? Mas ele respondeu: Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume. Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la (Lc 13, 6-9).
É um fim bem digno da economia narrativa de São Lucas, que sempre nos deixa, pelo menos, uma piscadela de olho, sugerindo a misericórdia divina, da qual se falará, com um discurso inigualável, dois capítulos mais adiante.
Mas talvez seja oportuno meditar sobre a infidelidade simbolizada naquela figueira, que recebia tudo quanto havia para ela naquele espaço cultivado e não dava os frutos que dela queria o dono.
Figueira estéril, lhe chamaram os comentadores, sem, no entanto, realçarem devidamente, em meu entender, os aspectos mais essenciais dessa esterilidade: porque não se põe, como se devia pôr, o acento na dinâmica da procura, naquilo que verdadeiramente queria da figueira o seu proprietário:
É óbvio que o proprietário procurava figos, dizem todos, sem hesitar.
Claro. Figos.
Mas não é verdade que aquela árvore poderia prestar alguns serviços, para além da doçura dos seus frutos? Quanto mais não fosse, embelezava a vinha com a sua ramagem e dava sombra, que também é de apreciar num campo de plantas baixas, como são as videiras, que precisam de sol, mas não dão conforto a quem as cultiva.
Por outro lado, os figos poderiam ser mais uma tentação para os viandantes: um pretexto para entrar na vinha e colher outras coisas, como as uvas, por exemplo.
Sim, claro.
Mas o dono da vinha, que plantara e cultivava a figueira, não procurava nela senão figos; e, como ela não dava figos, decidiu cortá-la.

Fico a pensar em muitos cristãos: bons cristãos, praticantes, “comprometidos”, com se diz agora, que não seria justo misturar com os outros, os que consideram a Igreja uma espécie de supermercado, onde se abastecem segundo os seus gostos e interesses, mas sempre em fuga de todo e qualquer compromisso.
No final desta parábola, são os outros, os "comprometidos", que me vêm à mente: sou eu próprio que me sinto posto em questão, como se fossem para mim as palavras do dono da vinha. Sem frutos, totalmente, como se até agora não tivesse feito mais do que aproveitar-me da situação, talvez não me encontre o Senhor.
Mas será que Lhe dou os frutos que procura em mim?
Poderia o dono daquela vinha ficar contente com a figueira que começasse a dar uvas? Em concorrência com as videiras, que, bem vistas as coisas, eram privadas de um certo espaço a favor dela?
Agora, os pensamentos desta manhã, com todo o respeito por toda a gente, sem querer pôr-me no lugar de Deus, o único que pode julgar as pessoas:
Olhando para o estado das coisas, e coisas aqui significa tudo o que diz respeito à nossa existência, como indivíduos e membros de uma sociedade, produtores e consumidores de uma certa cultura, discípulos de Jesus Cristo e cidadãos da cidade terrena... olhando para o estado das coisas, sinto que devo perguntar, a todos e a mim também: será que os frutos que Deus nos pede serão realmente os que procuramos dar? Repare-se que não pergunto se serão os que damos(porque todos, não daremos nunca); pergunto se serão os que procuramos dar. Porque às vezes o nosso afã de fazer qualquer coisa, parece ser igual ao da figueira que se contentasse com dar sombra e, uma vez que estava plantada numa vinha, se inquietasse mais com a descoberta do método para dar uvas do que com a abundância e a qualidade dos figos.

Tuesday, October 18, 2005

A MÁSCARA DOS PRECONCEITOS



Uma actriz comenta o seu programa, ou melhor, o espectáculo em que entra com outros personagens, só mulheres... que falam, falam, falam sobretudo dos aspectos mais chocantes da sua luta de emancipação - que é muito diferente de promoção da mulher, é bom que se diga-, e congratula-se, a actriz, com o facto de, segundo ela, já podermos falar abertamente de coisas que até há pouco eram tabu, também segundo ela, que ainda hoje as mentes mais trdicionais e conservadoras (na linguagem da actriz, claro), não aceitam discutir «com naturalidade e sem preconceitos». Equacionando o texto, o quadro e os comentários, dei-me perfeitamente conta de que, afinal, o que dominava ali eram os preconceitos: porque para todos os intervenientes na discussão, falar das relações entre os sexos, incluindo a própria vida sexual,
«com naturalidade e sem preconceitos», tinha um significado puramente ideológico, isto é, queria dizer sujeição à ideologia que considera o sexo um acidente biológico, origem de profundos sentimentos de culpa, de que o homem só se liberta abandonanado-se totalmente às forças e sugestões do instinto. Tal como ensinavam os cátaros, no século XIII, e sempre afirmaram todas as correntes dualistas, tanto da filsosofia como da teologia.
Estamos perante uma daquelas realidades que a cultura moderna, a braços com todo o tipo de preconceitos em relação aos valores tradicionais, não consegue abordar senão combatendo esses valores. O que acontece é que conseguiu, apoderando-se de conceitos cuja raiz está precisamente neles, mascarar a tirania dos tabus a que presta culto.
Tive a confirmação disto mesmo, quando, há dias, por uma coincidência muito feliz para o meu raciocínio, verifiquei que havia na televisão dois programas simultâneos sobre a temática do sexo. Naturalmente tratava-se de dois canais diferentes: um dos programas, como mandam os bons hábitos da nossa televisão, tinha, no canto superior direito, a conhecidíssima argola vermelha; o outro, com numerosa assistência, que incluia até crianças, não tinha qualquer indicação de reserva. Fixei-me principalmente neste, prcurando, uma vez por outra, ver o que se passava do outro lado.
No fim, recuperando fragmentos da memória relativamente a programas antigos e recentes e recordando o que está a acontecer nas nossas escolas com aquilo que se chamou eufemísticamente - para não dizer hipocritamente - educação sexual, senti-me feliz por ter finalmente visto, no pequeno ecrã, a diferença entre o discurso positivo da descoberta, ou da ajuda na descoberta da grandeza do sexo e da sua função como força vital ao serviço da realização da pessoa, ser capaz de conhecer e amar... a diferença entre este tipo de discurso e as palestras, algumas das quais custam milhões à bolsa dos contribuintes, com que tantos hoje pretendem deitar abaixo os "preconceitos" e os "tabus" dos valores trdicionais.
Também neste campo queria continuar a resistir aos mixordeiros que, consciente ou inconscientemente me querem vender gato por lebre.

Thursday, October 13, 2005

EM BUSCA DE LUCIDEZ


A PROSTITUIÇÃO DA LITERATURA

Ainda que isso possa, pelo menos, parecer estranho à maioria das pessoas, a palavra prostituição, na sua origem, não se referia necessariamente ao comércio do sexo, como geralmente se entende hoje, por vezes utilizando traduções defeituosas de termos gregos ou latinos.
O que os antigos condenavam na prostituição - e digo condenavam, porque certas práticas que a nossa cultura encerra nessa designação genérica, não eram, de facto, consideradas tais, sendo por isso aceites com naturalidade – o que os antigos condenavam era o comércio, a utilização como mercadoria de algo que não tinha preço, que só podia ser mercadejado envolvendo-o numa mentira que o obrigava a fingir o seu significado essencial.
Que este conceito de uma venda que só é possível alterando hipocritamente os dados essenciais da realidade, se aplique quase exclusivamente ao sexo, deve-se a vários factores de ordem cultural, entre os quais desempenha um papel importante o instinto que descobre simultaneamente a transcendência do sexo e as contrafacções a que está sujeito.
Retenho o essencial da palavra prostituição: transformação de algo que não tem preço, sagrado ou não, em mercadoria, artigo que se compra e vende, segundo as leis do mercado, da procura e da oferta, num quadro de mentira, exploração desonesta – que pode existir de ambos os lados da transacção – de realidades humanas que relevam da dignidade da pessoa...
Isto acontece com o sexo, com a comida e a bebida, com a política, com tudo aquilo em que nos podemos distinguir dos animais, pela positiva... e também com a literatura, que devia estar ao serviço do prazer estético, da curiosidade perfeitamente legítima com que procuramos aumentar os nosso conhecimentos. A literatura, que quando finge que é ciência, finge de facto, segundo as regras da ficção e não perocurando esconder que o é.
Mas, em meu entender, o estádio mais deplorável atinge-se quando a produção literária, por iniciativa dos autores ou dos editores, ou de ambos, vai atrás do lucro fácil, cirandando, como mosca varejeira, à volta de temas que estão em moda, que geram polémica...
Obras como Les Frères du Diable, A Colina das Bruxas, Versos Satânicos, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, O Segredo dos Templários, O Código Da Vinci, O Neto de Herodes, A Bíblia de Barro, O Terceiro Segredo, etc. entre as quais há, do ponto de vista estético, o bom o mau e o péssimo, todas da linhagem de Celso e Luciano, os verdadeiros iniciadores da literatura disfémica, não procuram sequer dissimular a busca do êxito fácil, que as editoras exploram de forma verdeiramente chocante. Lamento isso por algumas dessas obras, que mereciam vir a lume noutro contexto.

Wednesday, October 12, 2005

À MARGEM DA POLÍTICA


Não me interessa a análise política da questão, senão na medida em que, de facto, tudo o que diz respeito à nossa existência como cidadãos tem uma dimensão política (o polites é o membro da pólis).
Estamos ainda em pleno rescaldo das eleições autárticas, os comentadores sobram - tanta gente competente para analisar a situação e tão pouca empenhada nela... - e também não tem faltado quem se refira ao facto de ter havido cidadãos envolvidos em processos judiciais, eleitos por maiorias que quase pareceram referendos contra essa mesma justiça.
Surgem clamores de todos os lados... e quase todos pensam logo em modificar a lei, porque, não se pode duvidar da perfeita legalidade dessas candidaturas.
Mas esse tem sido precisamente o erro mais grave das democracias ocidentais: legislar para tudo, como se fosse a lei a única fonte do direito e da moralidade para a vida pública.
Volta a pôr-se o problema da distinção entre legalidade e ética, legítimidade e o liceidade.
O que me parece verdadeiramente perigoso, para não dizer trágico, nos casos em referência, não é o resultado das votações, considerado em si mesmo: Que houve muita demagogia? E onde não a houve, por esse país fora?
A mim, o que me inquieta, é que todos, candiadatos e eleitores, fiquem de cosnciência tranquila, porque, dizem eles, não houve nada de ilegal, nem nas candidatursa nem nas votações.
E, ao exigirem uma modificação da lei, os restantes cidadãos estão, consciente ou incosncientemente, a sublinhar os argumentos em que se basearam essas candidaturas, levadas por diante, nas circunastância em que o foram.
Porque quando a elite de um país confunde a moralidade das atitudes com a sua legalidade, não estamos longe de um trágico naufrágio das instituições que nos defendem da arbitrariedade do poder, mesmo quando estão ao seu serviço.
Não acham que o assunto é tremendamente sério?

LEMBRANÇAS INTIMAS


Apenas para que a memória não se apague: tenho de resistir ao desgaste do tempo, mas também à inundação das lembranças, que é uma forma de esquecimento ainda amis cruel do que aquela.
Queria apenas recordar que D. Alberto Cosme do Amaral faria hoje, festa de Nossa Senhora do Pilar, oitenta e nove anos. Da data, sei que vivia apenas duas realidades: a lembrança daquela que lhe deu o ser e a efeméride litúrgica, da qual só muito tarde tomou conhecimento, já que se trata de uma festa própria da Espanha.
Os meus amigos não me levarão a mal que volte aqui para falar daquele que, ao longo dos últimos anos, me recebia todas as quintas feiras (ou quase todas) com o sorriso que tive a feliciadede ver ainda na manhã em que Deus o chmou a si... para o Céu, do qual me repetia com frequência, sobretudo nos últimos meses, que sentia cada vez mais saudades.
Hoje quis apenas assinalar a data do seu nascimento para mundo... que fica tão perto da do seun ascimento para a Pátria celedste.

Tuesday, October 11, 2005

E a religião?



Não costumo ter muita sorte com os programas televisivos, quando ligo o aparelho para ver... Ver o que está a dar, ou ver se encontro algo que me ajude descontrair, a matar algum resto de tempo do pouco que me sobra das tarefas diárias.
Desta vez tive realmente sorte: busquei uma alternativa á inundação das telenovelas, que raramente me ajudam a descontrair.
Falava-se da necessidade de preparar os jornalistas para a informação em situações de risco, e fui percebendo, a partir do que diziam as pessoas, como se vai descobrindo que a liberdade de informação entra num quadro ético que exige especializações adequadas para qualquer área da qual se queiram colher dados para transmitir ao grande público.
Apetece-me aplaudir os responsáveis pela iniciativa que levou à criação de cursos e seminários destinados ao jornalismo das situações de risco: neste programa falava-se sobretudo de incêndios e catástrofes naturais, em que muitas vezes parece surgir um conflito entre o dever de socorrer as pessoas e o direito de informar. E citaram-se outros casos, para os quais se procuram jornalistas especializados na matéria, como, por exemplo, o desporto, a actividade política, a literatura e a ciência.
Trata-se de formar profissionais competentes que possam também defender-se de pressões estranhas, a fim de salvarem a honestidade da informação.
È por demais evidente que um jornalista que ignora as matérias de que fala não tem qualquer hipótese de respeitar a liberdade de informação: nem a que ele reclama para si, nem a daqueles que quer informar.
No final deste programa, que despertou em mim algum optimismo, apetece-me perguntar:
E a religião?
Será que os fenómenos religiosos se podem continuar a tratar com a leviandade com que os trata a maioria dos nossos jornalistas?
E não falo de má vontade: falo da incapacidade para perceber aquilo de que se quer fazer uma reportagem, escrita ou televisiva. Essa incapacidade que é, em parte, pelo menos, responsável, por exemplo, pelo horror dos coktails que as redacções fazem com os comunicados que os serviços das igrejas lhes fornecem.
Também não queria apontar culpados desta situação: porque, muito provavelmente, eles encontram-se em todo o lado, incluindo as entidades religiosas.

Meu caro Zé,
Desculpa se te venho distrair, mais uma vez, dos teus estudos romanos. Mas se, como li algures, estás à minha espera neste blog, sinto-me no dever de te enviar ao menos alguns fragmentos de uma "posta" já desactualizada, mas que preparei para o aniversário do "fim" de Auschwitz e semelhantes.
Chamo-lhe retalhos, porque o que que aí vai é apenas uma tentativa de reagrupamento de algumas parcelas encontradas na lixeira onde foi parar o discurso, depois de feito em pedaços.
Despedaçado pela mesma indignação que o erguera, numa hora amarga, houve quem lhe chamasse histórica, para a cidadania europeia.
Europeu envertgonhado? Sim!
E por que não, se vivemos numa época em que ninguém quer ter vergonha de nada?
Para isso vai-se negando a ética em todos os sectores da vida pública e privada.
Eu tive muita vergonha, nesse dia fatídico, ao ver os políticos europeus de cócoras diante de uma Turquia arrogante - muito mais do que nas vésperas da guerra que lhe destruiu o império - chantageando até com a religião: eles sabem muito bem que esta Europa a que querem pertencer de pleno direito, se envergonha do seu passado... daquilo precisamente que, uma vez esquecido, a deixa à mercê de todos os satanismos. (A quem se chocar com esta palavra, recordo que Satã é um dos nomes dados pela teologia hebraica ao anti-desígnio, a tudo aquilo que atenta contra os planos amorosos de Deus sobre a criação).
Pois esta Europa, no momento em que se põe de cócoras diante da Turquia, dispara sobre os pobres da África que vêm, afinal, em busca daquilo a que têm direito... Ou tinham, quando o mundo ocidental não se envergonhava das suas raízes.
E o arame farpado, que há sessenta anos guardava seres humanos, vítimas do ódio racial, transfere-se agora para as fronteiras, para proteger o egoismo de um continente.
Digam-me lá; tenho ou não tenho razão para me envergonhar?

Em serviço

Ora aqui têm os meus amigos: depois de um enorme sentimento de frustração, ao reler os últimos comentários e de ter falhado (deficiência técnica, minha) uma resposta de lamento, porque não conseguia reabrir o blogue, decidi fazer uma última tentativa; não sei como foi isto, porque consegui logo à primeira. E, antes de trazer para aqui agumas das "postas" (cito Migo e Guida) que tenho no armazém, quero homenagear os meus jovens amigos com esta fotografia das Jornadas Mundiais da Juventude. Não me perguntem quem foi o fotógrafo porque não sei; já vêem que é uma foto "roubada".
Quanto ao resto, talvez tente ainda hoje; mas se não tiver tempo, fica para amanhã.
Com um grande araço de gratidão pela vossa amizade juvenil
A. Pascoal

Sunday, October 09, 2005

RESISTIR


Graças ao esforço dos meus amigos Leonel e Zé, acabei por ficar com dois blogues. O problema é que anda não coonsegui, nem para um nem para outro, a destreza que me facilitava o acesso.
Começo a desconfiar que também aqui, quanto mais são menos valem.
Se alguém me mostrar, com os seus comentários, que chega aos dois, vou guardar este para os desabafos com que procuro resistir a tudo o que me pressiona ou de qualquer mdo tenta reduzir a minha liberdade interior. Por isso escolhi este símbolo da resistência andina aos conquistadores espanhóis. Naturalmente com a esperança de ser mais feliz na minhal luta do que ela foi.
A ver quam se atreve a um comentário... com toda aliberade.

Friday, October 07, 2005

NOTA CREPUSCULAR


Para que às tristezas do dia se não junte a amargura de ter perdido as pistas do meu desporto electrónico, e apesar da imagem, que parece recordar-nos os tormentos da seca, tenho vontade de deixar aqui uma mensagem para mim próprio: porque provavelmente os meus amigos habituais não vão encontrá-la, e porque se trata apenas de uma experiência, a ver se consegui ficar ao menos com a esperança de uma pista.
Sinto-me com uma certa frustração, porque trazia comigo tantas "postas" (na linguagem de alguns dos meus visitantes), que vão perder actualidade... não poderão consumir-se, nem cozidas nem grelhadas.
Para quem acredita na Providência isto pode muito bem ser um aviso.

Thursday, October 06, 2005

saudação

Será desta vez? Já não consigo contar as tentativas... estou quase a desistir.

retomada

Depois de tanta frustração, vejamos se consegui um novo blogue?