Saturday, April 11, 2009

MEDITAÇÃO DE SÁBADO SANTO


O Silêncio de Deus
Como há muito não escrevo neste blogue, ofereço a algum visitante que por aqui passe, com todo o respeito pela sua intimidade, uma selecção dos parágrafos do meu diário deste Sábado.
Começo por citar, com o coração agradecido, uma frase que alguém me escreveu já hoje:
Um Deus assim, só pode ser Deus!
Primeiro, porque esta frase me fez recordar o trecho que li de manhã, na Liturtgia das Horas e que, numa tradução que me parece empobrecer o original, começa assim:
Que vem ser isto?
Um grande silêncio reina hoje sobre a terra; um grande silêncio uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei dorme; a terra estremeceu e ficou silenciosa. Porque Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos. Deus morreu segundo a crane e acordou a região dos mortos


Um Deus assim, só pode ser Deus.
É isso, claro:
Um Deus assim, só pode mesmo ser Deus!
E a fé neste Deus traz-me uma enorme alegria. Alegria e conforto, tão necessários num mundo perticularmente desconfortável, como é o nosso.
Insisto: é verdade que o pensar no silêncio de Deus: que não se verifica apenas na Paixão, mas sempre que os gritos da multidão se sobrepõem à busca da serenidade interior, particularmente necessária quando a dor cresce desmesuradamente; pensar neste silêncio me dá alegria e conforto.
Este Deus que Se cala para não esmagar quem O fere... que Se cala perante a dor dos homens, que só no silêncio podem descobrir a sua dignidade e simultaneamente o carinho do autor dessa mesma dignidade.
Houve tempo em que foi moda falar do silêncio de Deus como um escândalo, motivo invocado por certas mentes pouco esclarecidas, talvez demasiado dependentes de mitologias ancestrais, para abndonar a fé.
Afinal, que Deus seria esse, se O não tivéssemos antes mergulhando na nossa dor, calado, porque não O entenderíamos se falasse, mais espantado do que irritado perante a maldade dos homens, morrendo connosco, quando a morte é a única saída, precisamente para nos ajudar a tomá-la como saída e não como tragédia definitiva.
Sinto uma imensa gratidão por todos aqueles que me ajudaram - e ajudam ainda - a guardar esta fé, que, sem deixar de ser um dom de Deus, radica num sem número de mediações que nunca identificaremos na totalidade.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home