resistencia

Friday, May 23, 2008

O URUBU E A CRIANÇA



Para quem por aqui passar, deixo mais uma página do meu diário:


Andava à procura de imagens que pudessem enriquecer o meu álbum, no capítulo da fome: e deparei-me com esta, que contemplei demoradamente. Depois, no auge da emoção, veio a legenda e o texto. Este é um lindo poema em português do Brasil; que não poderíamos adaptar – como, aliás fui tentado – sem destruir, não só a beleza da sua estrutura poética, mas também o carácter acutilante da sua mensagem.
Distraio-me um pouco dela, porque me vem à memória o absurdo dos discursos que tenho ouvido sobre a “unificação da língua”.

Primeiro, a legenda:

O urubu espera a morte da criança por fome e inanição. A que sonhos essa criança teve direito? Egoístas que somos, sempre estamos atormentados pelos nossos pequenos problemas e esquecemos que há pessoas que sofrem de verdade. Talvez tenhamos ficado como esse urubu da foto: a morte e o sofrimento já não nos comovem. Saibamos agradecer pelo muito que recebemos e juntemos as nossas mãos para ajudar os que precisam de socorro, até para as necessidades mais simples!! O poema Além da imaginação, parece traduzir o quão esquecidas são as pessoas que sofrem:
ouvido sobre a “unificação da língua”.


Agora, o texto:

“Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina
entre uma refeição e outra.

Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina
entre o chuveiro e a toalha.

Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina
entre a receita e a aspirina.

Tem gente sem esperança.
Mas não é o desalento que você imagina
entre o pesadelo e o despertar.

Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina
entre o passeio e a casa.

Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina
entre o presente e a mesada.


Tem gente pedindo ajuda.
E não é aquela que você imagina
entre a escola e a novela.

Tem gente que existe e parece imaginação.”

"Beati qui lugent, quoniam ipsi consolabuntur."

Friday, May 02, 2008

SÃ LAICDADE


Apesar do acicate de tanto disparate vindo a público, consegui resistir, ao longo da toda a viagem do Papa aos EUA... também por razões de saúde, mas principalmente pelas dúvidas que me assaltam sobre a eficácia de protestos e escalerecimentos, no momneto de editá-los, neste ou noutros blogues.
Hoje, para recomeçar, deixo algumas palavras do próprio Bento XVI, que talvez sejam úteis sobretudo para os que, em Portugal, mais falam da laiciadde do Estado.

No encontro com o Senhor Presidente, na sua residência, tive oportunidade de prestar
homenagem àquele grande País, que desde o início foi edificado sobre a base de uma
feliz conjugação de princípios religiosos, éticos e políticos, e que constitui ainda
um exemplo válido de sã laicidade, onde a dimensão religiosa, na diversidade das suas
expressões, não é apenas tolerada, mas valorizada, como “alma” da Nação e garantia
fundamental dos direitos e dos deveres do homem. Num tal contexto, a Igreja pode
exercer com liberdade e empenho a sua missão de evangelização e promoção humana, e
ainda de “consciência crítica”, contribuindo para a construção de uma sociedade digna
da pessoa humana e, ao mesmo tempo, estimulando um país como os Estado Unidos,
para o qual todos olham como um dos principais actores da cena internacional, a
caminho da solidariedade global, sempre mais necessária e urgente, e do exercício paciente do diálogo nas relações internacionais.
(Audiência Geral de 30.04.08)