EM BUSCA DE LUCIDEZ
A PROSTITUIÇÃO DA LITERATURA
Ainda que isso possa, pelo menos, parecer estranho à maioria das pessoas, a palavra prostituição, na sua origem, não se referia necessariamente ao comércio do sexo, como geralmente se entende hoje, por vezes utilizando traduções defeituosas de termos gregos ou latinos.
O que os antigos condenavam na prostituição - e digo condenavam, porque certas práticas que a nossa cultura encerra nessa designação genérica, não eram, de facto, consideradas tais, sendo por isso aceites com naturalidade – o que os antigos condenavam era o comércio, a utilização como mercadoria de algo que não tinha preço, que só podia ser mercadejado envolvendo-o numa mentira que o obrigava a fingir o seu significado essencial.
Que este conceito de uma venda que só é possível alterando hipocritamente os dados essenciais da realidade, se aplique quase exclusivamente ao sexo, deve-se a vários factores de ordem cultural, entre os quais desempenha um papel importante o instinto que descobre simultaneamente a transcendência do sexo e as contrafacções a que está sujeito.
Retenho o essencial da palavra prostituição: transformação de algo que não tem preço, sagrado ou não, em mercadoria, artigo que se compra e vende, segundo as leis do mercado, da procura e da oferta, num quadro de mentira, exploração desonesta – que pode existir de ambos os lados da transacção – de realidades humanas que relevam da dignidade da pessoa...
Isto acontece com o sexo, com a comida e a bebida, com a política, com tudo aquilo em que nos podemos distinguir dos animais, pela positiva... e também com a literatura, que devia estar ao serviço do prazer estético, da curiosidade perfeitamente legítima com que procuramos aumentar os nosso conhecimentos. A literatura, que quando finge que é ciência, finge de facto, segundo as regras da ficção e não perocurando esconder que o é.
Mas, em meu entender, o estádio mais deplorável atinge-se quando a produção literária, por iniciativa dos autores ou dos editores, ou de ambos, vai atrás do lucro fácil, cirandando, como mosca varejeira, à volta de temas que estão em moda, que geram polémica...
Obras como Les Frères du Diable, A Colina das Bruxas, Versos Satânicos, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, O Segredo dos Templários, O Código Da Vinci, O Neto de Herodes, A Bíblia de Barro, O Terceiro Segredo, etc. entre as quais há, do ponto de vista estético, o bom o mau e o péssimo, todas da linhagem de Celso e Luciano, os verdadeiros iniciadores da literatura disfémica, não procuram sequer dissimular a busca do êxito fácil, que as editoras exploram de forma verdeiramente chocante. Lamento isso por algumas dessas obras, que mereciam vir a lume noutro contexto.
Obras como Les Frères du Diable, A Colina das Bruxas, Versos Satânicos, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, O Segredo dos Templários, O Código Da Vinci, O Neto de Herodes, A Bíblia de Barro, O Terceiro Segredo, etc. entre as quais há, do ponto de vista estético, o bom o mau e o péssimo, todas da linhagem de Celso e Luciano, os verdadeiros iniciadores da literatura disfémica, não procuram sequer dissimular a busca do êxito fácil, que as editoras exploram de forma verdeiramente chocante. Lamento isso por algumas dessas obras, que mereciam vir a lume noutro contexto.
8 Comments:
Até swingers aqui vêm! :-)
Mas gostei da definição da palavra 'prostituição'.
Comecei a pensar e cheguei à conclusão que quando a prostituição fôr legalizada e tornada aceite como uma outra profissão, deixará de haver prostituição. A legalização de uma coisa leva à sua extinção.
Interessante.
Quanto à produção literári. Estive uns minutos na 'Arquivo' a ver títulos e cheguei à conclusão que o tema igreja (ou anti-igreja) vem muito ao de cima. Desde romances, políciais, até documentários. Aquilo é uma amalgama grande.
Julgo que numa sociedade que quer afastar Igreja, tem contribuido para fazer muita publicidade.
Pena é que ninguém a tenha pedido.
Meu caro (A)Migo:
Em primeiro lugar queria dizer-te que fiquei surpreendido com a cunclusão que tiraste do meu "post". Começo por não saber que sentido dás à palvara "prostituição" quando dizes que ela deixaria de existir no momento em que fosse "legalizada e tornada aceite como outra profissão": ambém não percebo o que queres dizer quando afirmas que deixaria de existir no momento em que fosse legalizada; até porque, em Portugal, a prostituição, no sentido de comércio do sexo, está legalizada há muitos anos, com um quadro profissional muito concreto; e, no entanto, a sua prática fora desse quadro não tem deixado de crescer assustadoramente; (é ver, por exemplo, o espectáculo degradante de tantos locais das nossas estradas e de certas ruas de algumas cidades; para não falar já da tragédia da corrupção de menores, que a moral tradicional desiganva, como merecia, por "pederastia"; mas que a sociedade contemporânea, com a hipocrisia que a caracteriza, decidiu baptizar de "pedofilia", tal como chamou ao aborto, "interrupção da gravidez", não reparando sequer no facto de que o que acontece no aborto não sé uma interrupção, mas uma liquidação, a destruição pura e simples).
Aliás, convém não esquecer que a teoria segundo a qual a legalização de uma desordem faz com acabe a sua existência na clandestinidade, é um dos argumentos mais fortes usados pelos abortistas: segundo eles, a legalização, acabaria com "a praga do aborto clandestino". Ora está provado que não existe um único país no mundo em que a legalização do aborto não tenha provocado um aumento avassalador de abortos clandestinos; e os abortistas sabem muito bem porquê; mas escondem-no propositadamente.
Será que, de facto, "a legalização de uma coisa leva à sua extinção"? Em meu entender, a resposta a esta pergunta só pode ser dada depois de eclarecermos muito bem de que coisa falamos e que sentido damos às palavras "legalização" e "extinção". Em todo o caso, penso que a tua afirmação não se pode concluir do que escrevi.
Quanto à publicidade de que falas, se te entendi, ela seria um dos tais efeitos colaterais, neste caso bom, "malgré tout"; seria a ilustração do antigo ditado português: "ir por lã e ficar tosquiado".O Diabo, que só sabe o que Deus lhe permite saber,acaba sempre por se queimar nas fogueiras que atiça.
Mas o meu ponto de vista, ao escrever "A Prostituição da Literatura", era mais o de quem gosta de ler bons livros, isto é, livros que sejam, antes de mais,verdadeiras obras de arte, do que do crente que deve à misericórdia divina o não se perturbar com produtos que quase sempre lhe soam a ridículo.
E é tudo, por agora. Como vês, é sempre útil fazer um comentário, que pode, pelo menos ajudar a esclarecer certas afirmações: Peço desculpa de ser tão longo.
Um abraço do AP
Claro que o meu primeiro e segundo parágrafo era piada. Foi apenas um jogo de Palavras partindo do que escreveu:
"Retenho o essencial da palavra prostituição: transformação de algo que não tem preço, sagrado ou não, em mercadoria, artigo que se compra e vende, segundo as leis do mercado, da procura e da oferta, num quadro de mentira, exploração desonesta – que pode existir de ambos os lados da transacção – de realidades humanas que relevam da dignidade da pessoa..."
Foi apenas uma piada! (O normal em mim) Mas não achem que a vida seja pouco séria para mim.
A última parte era a minha parte séria e mais reflexiva sem piada!
Mas ainda bem que mandei a posta. Adiantou-se algo mais num outro tema. Transformou uma reflexão lúdica em algo pedagógico.
Já agora indico um site: http://paginasvida.no.sapo.pt/
Percebo a primeira ideia do leonel, só que ele esqueceu-se de dizer que a legalidade de maneira nenhuma se sobrepõe à moralidade como é óbvio. E nas relações humanas existe ainda o pormenor da cumplicidade que está patente nas relações amorosas.
Quanto aos livros, a prostituição é evidente: os escritores vendem o que não sentem (ou que não é verdadeiro)porque é isso que vende (o desejo de que a mentira seja a verdade)
Olá..mas ..não há aqui novidades!!! Que se passa ???
Passa-se, que o tempo só é elástico num sentido que não serve para aqui.
No entanto, continuo à espera de recuperar-peço a palavra- para fazer uma certa separação de temas, que teria como resultado agrupar de um lado os amis polémicos, do outro os mais pessoais, ainda que todos expostos a todo o tipo de coemntários. Entertanto vou ver se ainda hoje preparo algo que me veio à acbeça depois dois ou três monetos de televisão.
Obrigado pela amizade.
AP
necessario verificar:)
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