Monday, March 26, 2007

TRISTEZAS DO CRESPÚSCULO


Também fiquei triste, claro: eu, que nunca quis ver nenhum dos programas sobre essa tal escolha do português mais ilustre, pensei em ver o que havia na televisão – era só para matar a curiosidade, antes de me deitar... até me esquecera de que a “televisão de todos os portugueses” guardara para o dia da comemoração dos cinquentas anos da União Europeia a votação final.
Abri a televisão e dei-me com aquele espectáculo deprimente de pessoas cujo talento merecia melhor aplicação, discutindo uma vitória que, afinal, ninguém – pelo menos durante o tempo que gastei a ver o programa – teve a coragem de vir defender abertamente.
Claro que fiquei muito triste!
Em primeiro lugar, pelo espectáculo... e pelos discursos que ouvi, todos ou quase todos, de uma pobreza confrangedora, quanto a ideias. Eles deram-me, ao mesmo tempo, a principal explicação daquelas votações e consequentemente novos motivos para sofrer com aquelas.
Não fico triste propriamente por ter sido Salazar o mais votado, nem mesmo pensando na percentagem de votos que teve: para mim, qualquer dos três que ocuparam os primeiros lugares merecia outro tratamento: pelo que sei deles, penso que nenhum gostaria de subir ao pódio tendo como fundo a música que se executou na distribuição das medalhas.
Lamentável que os espectadores habituais da televisão pública tenham tão pouca cultura! Repare-se que falo de cultura e não saber... porque isto de escolher pessoas que mereçam o título de maiores portugueses de sempre não é ofício que se cumpra só com os conhecimentos fornecidos por uma televisão que joga sobretudo na busca de audiências, agudizando muitas vezes até ao paroxismo os dados polémicos que, em vez de esclarecerem a verdade, semeiam a confusão.
Gostaria também de frisar que não é o medo de Salazar ou Cunhal que me aflige: o que me atormenta é que este concurso – alguns quiseram tranquilizar-se insistindo que se tratava apenas de um concurso – revela, como, aliás outros concursos que enxameiam por aí, a crescente falta de cultura dos Portugueses. E sem cultura não há cidadania nem identidade nacional que se aguente. Democracia? Ditadura? Isto que significa para um povo que está cada vez mais desenraizado?

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

tristeza e vergonha.

6:30 PM  
Anonymous Anonymous said...

Para não ter que ver isso, mudei para outro canal e estive a ver ?bela e o Mestre'!
Sei que a escolha não foi sábia nem culta. Mas mal por mal quis distrair um pouco!
:-)

10:38 AM  
Blogger Augusto Ascenso Pascoal said...

Tamém penso que "a escolha não foi sábia nem culta", mas estou de acordo contigo: esse programa, ainda que seja um dos responsáveis pela vergonha do outro e também uma amostra do vazio de tanta "bela" cabeça - vazio que a televisão cultiva, acrescente-se - serve ao menos para diversão, o que não acontecia com o outro.
Um abraço
AP

11:02 AM  
Anonymous Anonymous said...

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2:09 PM  

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