Wednesday, February 14, 2007

NO RESCALDO.I

Em jeito de homenagem

Destina-se este espaço, que se abre no dia dos dois padroeiros da Europa, Santos Cirilo e Metódio, a partilhar com quem queira visistá-lo algumas reflexões, umas antigas, outras recentes, inspiradas nos valores contra os quais se têm erguido, na Europa Ocidental, sobretudo após a última Guerra, muitas campanhas tendentes a modificar as leis que os protegiam.
Entre nós, a última foi a da legalização do aborto. Eles falaram de despenalização da interrupção voluntária da gravidez, até às dez semanas, a pedido da mulher, em clínicas aprovadas. Discurso hipócrita, destinado a enganar os ignorantes e ingénuos, pois todos sabemos o que tem acontecido nos países cujo “progresso” se diz querer imitar.
Em qualquer dos casos, gostaria que esta primeira reflexão – que também publico após uma longa semana de privação da NET-, fosse uma homenagem muito sincera a todos os que deram corajosamente a cara na luta pelo não, que era uma luta pelo sim à vida.
E, antes de mais, um texto de São Paulo:

De facto, parece-me que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, no último lugar, como se fôssemos condenados à morte, porque nos tornámos espectáculo para o mundo, para os anjos e para os homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo! Nós somos fracos, e vós, fortes! Vós, honrados, e nós, desprezados! Até este momento, sofremos fome, sede e nudez, somos esbofeteados, andamos errantes, e cansamo-nos a trabalhar com as nossas próprias mãos. Amaldiçoados, abençoamos; perseguidos, aguentamos; caluniados, consolamos! Tornámo-nos, até ao presente, como o lixo do mundo e a escória do universo (1 Coríntios: 4, 9-13).

A mensagem dos detractores de Paulo, na Igreja de Corinto, traduzida em termos adequados ao discurso publicitário do século XXI, passou com a facilidade própria da mentira, que, como demonstra a história das ideias, não selecciona os seus instrumentos.
Agora, para nós, que, como Paulo, não queremos ser libertados senão pela verdade - Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres (João: 8, 31b-32a) – tudo se transforma em estímulo, para novos combates em defesa do que veradeiramente vale.
Coragem, pois! Nada de deixar cair os braços, poque as vozes que gritam por socorro vão aumentar numa proproção que nem eles, na sua grande maioria, imaginaram.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Amigo Pe. Pascoal

Confesso que passado o tempo de seminário me tornei muito mais seu "fã"! E as passagens que de quando em vez faço por este local vão confirmando que, neste aspecto, tenho bom gosto.

O assunto que trouxe na sua crónica perturba-me, mas enquanto um dos sinais de muitos que me trazem uma perturbação bem maior.
Penso que esta ocidental republica lusitana estará a viver mais uma das suas cíclicas euforias anti-clericais (para não dizer "anti-tudo-o-que-cheire-a-algum-fumo-de-cera").
A Concordata é um grande incómodo com 70 anos (a sua última revisão foi negociada sem diálogo; e agora regulamenta-se unilateralmente e à falsa fé - ex: finanças, segurança social, protocolo...); a presença de padres na "tropa", no ensino, nas cadeias ou na saúde é uma violação da laicidade e das liberdade de cada um fazer escolhas; o resultado do referendo foi "o fim do poderio católico sobre a definição de valores"; o IRS é cobrado a clérigos numa tentativa desesperada de fazer deles cidadãos como os outros, desguarnecidos de sacralidade; cobra-se impostos às nossa IPSS's e paróquias porque se tem medo da nossa caridade e cuidado dos pobres (mas faz-se vista vesga às contas dessas associações de "vipalhada" exibicionista e oportunista em relação aos "pobres, coitadinhos"); deixa-se passar o comício na estrada mas impede-se a procissão; toca alto a música no bordel mas contam-se os decibéis na torre da igreja; atenta-se, através do poder legislativo, contra a família, a paternidade, a procriação generosa e numerosa, a conjugalidade, a indissolubilidade das relações, a formação ética e moral...

Vê como me sinto nesta ocidental miséria lusitana? Percebe porque apetece o desânimo senão mesmo a revolta?
Penso que tenho que tornar-me descrente deste tipo de civilização em que sou obrigado a viver.

Há meia dúzia de anos eu achava que era a hora de a UE pegar neste mundo, libertá-lo da URSS e dos EUA, e trazê-lo novamente para a civilidade.
Enganei-me a sério.

Um abraço e desculpe a "maçada".
Pe. Morouço

12:45 PM  
Blogger Augusto Ascenso Pascoal said...

Pois, meu caro Morouço, só não concordo contigo numa coisa: 0 teu, pelo menos aparente, desânimo. Eu penso que desanimar seria aceitar uma derrota que, afinal, só exsite nas visões arqueológicas que dominam, em Portugal, as mentes liberais-maçónicas dos intelectuais que servem de apoio a certas lutas pelo poder.
A concordata?
Talvez ainda venha a escrever algum post sobre o assunto; mas será no outro blogue. Se escerver será para dizer coisas que talvez surpreendam alguma gente bem pensante.
Por agora, um abraço de muita amizade.
AP

2:13 PM  

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