Saturday, August 11, 2007

A MORTE DO CARDEAL


Aprendi a admirá-lo desde o início do seu ministério episcopal, primeiro em Orleães, mas sobretudo após a sua nomeação para arcebispo de Paris.
Numa hora difícil, quando a hieraraquia católica da Europa ocidental parecia paralisada por questões que, apesar de secundárias, se consideradas em si mesmas, fechavam a muitos bispos os horizontes de uma acção corajosa que fosse também testemunho de fé no futuro da Igreja.
Na altura não me apercebi, porque de facto isso não era importante, das raízes hebraicas do novo arcebispo; e confesso que duvido do entusiamo com que um certo judaismo apareceu agora protagonizando gestos que esconderam mal o sionismo, do qual, em meu entender, dependiam em excesso.
O sionismo, que não perdoou a João Paulo II a canonização de Edith Stein... talvez por ela ter tanta semelhança com outro judeu apaixonado por Jesus Cristo, que era igualmente judeu.
E também, a minha admiração pelo cardeal, que foi sempre crescendo, quase até à sua resignação, tinha pouco a ver com aquilo que agora, quando a sua morte se revelou notícia de bom consumo, as agências noticiosas internacionais puseram em evidência.
Daí este terrível sentimento de frustração que me assalta ao ver que, mais uma vez, os “media” ditos cristãos, na sua grande maioria, tenham deixado passar uma preciosíssima oportunidade para marcarem a diferença, pondo em realce o que fez deste homem um grande bispo, um dos maiores, se não o maior, da França do final do século.
Agradeço ao bispo português que falou da ousadia do cardeal agora defunto: Só foi pena não ter especificado essa ousadia.
Porque teria certamente de mencionar o gesto corajoso que está na raiz da quantidade de sacerdotes ordenados para a diocese de Paris – com 2% da população francesa - durante os quase vinte e quatro anos de episcopado de Jean-Marie Lustiger: 200 acerdotes, o equivalente a 15% de todo o clero da França.

2 Comments:

Blogger Francisco said...

Todos nós gostaríamos de saber que gesto foi esse. Pode informar-nos mais sobre esta grande figura da Igreja comtemporânea?

9:04 AM  
Blogger Augusto Ascenso Pascoal said...

Sobre um homem como o Cardeal Lustiger, que a comunicação social nunca trata com objectividade, penso que as melhores fontes de informação são os boletins oficiais das diceses ppr onde passou como bispo, ou seja, Orleães e Paris. Relativamente ao que no post se diz, trata-se apenas de um pormenor, muito mal copmpreendido na Igreja da França, mas que teve enormes repercussões, com se vê pelos resultados.
Ao ser nomeado para a diocese de Paris, Jean-Marie Lustiger, afirmando que acreditar na existêncai de vocações para o sacerdócio era uma questão de fé, decidiu refundar o Semminário, encarregando-se PESSOALMENTE da formação dos seus padres.

1:27 PM  

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