Thursday, July 05, 2007

A MOTRTE DA DIVA

Apenas um desabafo

Tarde de solidão pesada – às vezes assaltam-me estas fantasias – em busca de algo que me alargue os horizontes sem reduzir a lucidez com que gosto de me analisar, sobretudo quando estoui sozinho: porque se nos perdemos de nós próprios, onde havemos de fixar a ponte relacional que nos faz sentir pessoas?
Vou de canal em canal – qual deles o mais desertificado, quanto a valores culturais – até parar ali, onde, apesar das cedências já feitas à sociedade de consumo, mais minuto, menos minuto, sempre nos mimoseiam com espectáculos que nos ajudam a perceber que somos seres superiores à besta a que este mundo economicista e massificador quer reduzir-nos.
De repente... era ela, Régine Crespin... um pouco estragada pelos anos e pela doença, mas era ela.
Porém, antes que começasse a falar, notícia de rodapé: (traduzo de memória) Régine Crespin faleceu este cinco de Julho de 2007. Como homenagem reproduzimos o presente programa.
Conhecia a sua voz, pouco da sua vida e muito da sua arte; mas o que senti não foi tanto por causa dela, como pelo que pode significar, num undo como este, numa Europa que se afunda em inquietações que põem as coisas à frente das pessoas.
Este mundo fica assim mais pobre... e ninguém se inquieta. Nem se fala disso.
É uma tristeza, sobretudo quando reparamos no panorama da nossa comunicação social, entretida com mexericos de bairros problemáticos, sempre à busca do último boato, a ver se ganha a corrida da má língua, a ver quem diz de modo mais escabroso o que aconteceu ao cão que foi mordido pelo dono.
Régine Crespin, Henrique Viana... e o mercantilismo em busca de novas maravilhas, para encantar espíritos vazios e encher as bolsas que guardam a lucidez necessária para o negócio.

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