A SAGA DO VÉU
De repente, tive a sensação de me encontrar nos finais do século XVIII, quando expressões como liberdade religiosa, separação da Igreja e do Estado, sociedade laica, significavam, tanto na mente dos seus utilizadores como nos factos que inspiravam, antes de mais e acima de tudo, cerceamento das liberdades relacionadas com a religião e o culto, intromissões inaceitáveis do poder político na esfera religiosa, perseguição aberta à Igreja:
Foi o período difícil da gestação dos grandes princípios que regeriam a futura sociedade democrática; e, ou por falta da linguagem adequada, ou por representações mentais não suficientemente superadas, a novidade não sabia impôr-se sem atacar as instituições que traziam consigo as nem sempre positivas marcas da história.
Dois séculos depois, tudo parecia superado, apesar da teimosa permanência de certos hábitos legislativos.
O pior é que alguns desses hábitos se têm agarrado como cogumelos ao tronco carcomido desta Europa sem alma, cujo envelhecimento se torna tanto mais crónico, quanto mais cresce a tirania do económico e do politicamente correcto.
Qualquer espírito lúcido se dá conta disto e descobre nessa tirania as raízes da crise por que estamos a passar.
Não presumo ser um desses espíritos, mas a inquietação que se apoderou de mim quando, vai para dos anos, a França saiu como saiu, se é que saiu, da ridícula crise do véu, transforma-se em angústia, quando um tribunal internacional – a funcionar na Europa – vem dizer que o governo turco o cumpre o seu dever ao proibir uma jovem muçulmana de entrar na Universidade com o chamado “véu islâmico”: tal proibição, ensina o referido tribunal, corresponde à tutela dos direitos humanos.
Mas que direitos?
Será que a liberdade religiosa se defende proibindo os crentes de manifestar a respectiva crença?
O que é, afinal, a tolerância?
Será verdadeiramente democrático um regime que ignora a dimensão religiosa dos cidadãos? E quando proíbe que eles vivam essa dimensão no que ela tem de político ( isto é, de relação com a polis)?
Que humanismo tem a União Europeia para oferecer à Turquia?
7 Comments:
O Democrático e o humanismo passou para o campo do legislativo. Tamos numa sociedade legislativa. De tal forma que, se se puder provar contrário (através das leis) algo que é óbvio; o óbvio passa a fictício, logo não existente.
A tolerância, acho eu, vai pelo mesmo caminho. Até aquilo que era do foro do sentimento há-de ser um dia legislado.
Há que manter a ordem de alguma forma e isso faz-se arranjando uma forma para tudo.
Vous abordez le problème d’une façon simpliste, très éloigné géographiquement sans le vécu du sujet discuté. Aucune République ne peut tolérer l’asservissement de ses citoyens par une religion quel qu’elle soit.
Imaginez votre fille livrée aux lois imposées par ces religions !
Voilà une autre façon d’envisager le problème, voilée, lapidée et quoi encore ?
Je suis peut-être très simpliste. Mais à mon avis, la tolérance ne s'apprend pas par l'intolérance de l'Etat. Une république vraiment démocrique, n'est pas laïque, parce que la laïcité, ou le laïcisme,si vous voulez, est encore une religion. Ce que je veux est une république, un état qui n'aiet pas une réligion, qui ne soit pas, disons, confessionnel; c'est à dire: qui prenne comme une chose très importante la dimension religieuse de tous les citoyens. Et por cela, l'Etat ne privilégie pas une réligion par regard aux autres, mais les protèges toutes.
Je ne vois pas pourquoi ma fille, dans une écolle où on autorise la présence de filles voilées, devrait être aussi voilée... Et quant aux lapidations, on paurrait dire bien des cohoses sur celles qui se multiplient dans les républiques laïques, justement au nom la tolérance.
Excusez- moi, je n’ai pas dis que vous étiez simpliste, mais que vous abordez un sujet délicat de manière simpliste.
Le mieux c’est de prendre connaissance de l’opinion des personnes concernées qui ont osé se révolter et comme le sujet est d’actualité en ce moment dans la région Parisienne faite vous une opinion après analyse des faits. http://www.niputesnisoumises.com/
Sachez que je suis chrétien et respectueux des libertés individuels et que les faits se déroulent sous mes yeux !
Je vous remercie d’avoir répondu dans ma langue, lisant le Portugais assez bien je ne l’écris pas sans fautes.
Je voudrais seulement rendre un peu plus claire ma pensée à propos de toute cette question du voile. Et puis que vous lisez bien le portugais et moi non plus je n'arrive pas à ècrire le français sans fautes, je vais écrire en portugais. Je crois que vous arriverez à lire et à comprendre mon texte. Excusez moi, mais, comme vous le comprennez bien, je suis plus à l'aise en raisonnant en portugais.
Em primeiro lugar, gostaria de informar que, embora de passagem, me encontrava na França quando surgiu a questão do véu dito islâmico, nas escolas públicas francesas.
Embora se tratasse de um problema muito localizado, já então me pareceu que, talvez pelo crácter emocional da discussão, se misturavam questões diferentes; mas não quis pronunciar-me, porque estava fora do meu país.
O problema é realmente muito delicado... até porque não temos apenas essa questão do véu... Em Portugal têm surgido questões semelhantes e que nada têm a ver com o véu islâmico.
O que me inquieta, em toda esta questão é que às vezes se regressa ao século XIX, qundo se confundia, de ambos os lados da barricada, liberdade religiosa com rejeição da religião (nos países latinos seria a religião católica).
Qundo se diz que é necessário ter em conta a dimensão religiosa do cidadão, não se diz que se permita ao cidadão andar em guerra com os seus semelhantes para impor-lhes a sua religião.
Tal como os abortistas dizem que ao permitir-se o aborto, não se obriga ninguém a fazê-lo... Ainda que aqui haja outros problemas a ter em conta... e não é assim tão seguro que as leis permissivas quanto ao aborto não acabem por impô-lo a muitas mulheres... Esta conversa não é sobre tal tema: quis apenas dar um exemplo.
Voltando ao tema da tolerância religiosa: a minha questão fundamental parte do meu conceito de dever do Estado na promoção da liberdade: é claro que se os muçulmanos querem impor a toda a gente o uso do véu islâmico, (trata-se apenas de um exemplo), em meu entender, um Estado verdadeiramente democrático, deve impedir tal forma de intolerância. Mas o caminho não será proibi-lo a todos, como também não deve proibir os cristãos de usarem símbolos da sua religião... desde que respeitem a liberdade dos que não quiserem usá-los.
Pessoalmente sempre interpretei a lei francesa relativamente aos símbolos religiosos nas escolas públicas como uma defesa da neutralidade do Estado, não da sua recusa a aceitar a dimensão religiosa dos cidadãos.(Não discuto a intenção dos primeiros legisladores.
Se é permitido aos adeptos dos clubes desportivos uasrem os respectivos emblemas, porque não permitir que usem síbolos da sua religião aqueles que os queiram usar?
O que me inquieta é que a Europa, neste momento, desliza para uma intolerância arcaica, precisamente em nome da tolerância.
J'aimerais bien me tromper à ce sujet.
Je viens de m’apercevoir que vous êtes un serviteur de Dieu, je ne donnerais pas d’opinion sur l’avortement, d’ailleurs c’est aux femmes de s’exprimer, il s’agit de leurs corps et sentiments.
Le port du voile n’a jamais suscité d’intolérance de la part de qui que ce soit, jusqu’à qu’il soit devenu le symbole de la soumission de la femme suite à une dérive religieuse. C’est cela que la République doit combattre.
Il serait déplacé d’interdire uniquement le voile à l’École Publique lieu où l’on doit apprendre que tous les individus naissent égaux et libres.
Cessons de chercher des exemples dans le passé ou à tour de rôle tout le monde à commis de malveillances, essayons de construire un futur fait de tolérance sans que l’excès de celle-ci ne donne lieu à de dérapages futurs.
Je garde l’anonymat pour ne pas voire brûler ma voiture ou l’un des miens agressé dans la rue, voyez ce qu’est devenue la grande République Française à force de tolérance.
bom comeco
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