COMO DESTRUIR UM POVO
Desde sempre, os grandes impérios procuraram manter-se dando à unidade política, geralmente construída pela força das armas, unidade cultural; o que implicava necessariamente a morte de outras culturas, no que adquiria especial vantagem, nem sempre a do povo vencedor, mas aquela que se tornava mais acessível, pela riqueza dos seus elementos e a funcionalidade dos instrumentos de comunicação, entre os quais desempenham um papel decisivo a língua e a religião.
A língua e a religião.
Foi por isso que, a quando da da reforma litúrgica preconizada pelo último concílio ecuménico, nos países com várias línguas, mas com uma língua oficial comum, apesar das recomendações no sentido de se conservar esta como a língua oficial das celebração dos sacramentos, incluindo a Eucaristia, todos os grupos linguísticos, mesmo os pouco numerosos, se apressaram, com o aplauso dos linguistas, crentes ou não, a traduzir na própria língua os livros litúrgicos.
Pertence também a esta recuperação e fixação instintiva da própria identidade a nem sempre criteriosa introdução, nas celebrações da fé, de certos elementos culturais que ajudam a identificar o crente como membro de um determinado povo.
Abrindo um pouco a janela ao pessimismo, diríamos que, na Europa actual, situados numa mentalidade pós-cristã – conceito de certo modo paralelo ao de pós- moderno, mas muito mais negativo -, perdemos a sensibilidade relativa aos valores integrados pela inculturação da mensagem cristã, operada, com avanços e recuos, incluindo algumas tensões de efeitos dolorosos, ao longo do primeiro milénio.
Será isso que nos reduz a capacidade de perceber as autênticas raízes do chamado fundamentalismo islâmico e sobretudo da violência que se apoia nele?
Seja como for, é essa perda de sensibilidade que abre de par em par as portas à degradação da língua, instrumento indispensável na defesa da identidade cultural, à manipulação consumística das efemérides mais sagradas, à invasão de costumes que nada têm a ver com as nossas tradições culturais.
De que estou eu a falar?
Toda a gente sabe. Mas podemos, noutra ocasião, discutir alguns casos concretos.
2 Comments:
"manipulação consumística das efemérides mais sagradas, à invasão de costumes que nada têm a ver com as nossas tradições culturais."
Os tipos das publicidades vêm dar algum fundamento ao que acabou de dizer.
(Claro que continuo a gostar do meu halloween) :-)
E NINGUÉM QUER QUE DEIXES DE GOSTAR. O GOSTO DE CADA UM, SEJA DO QUE FOR, NÃO TEM NADA A VER COM A COLONIZAÇÃO CULTURAL.A NÃO SER COMO CONSEQÊNCIA.
ABRAÇO
AP
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