Tuesday, April 08, 2008

SERÁ APENAS UM PRESSENTIMENTO?

Não é verdade que os chamados jogos pan-helénicos, nascidos à sombra dos deuses e a eles dedicados - o que acabou por ser decisivo na sua decadência e definitiva extinção, já nos últimos anos do século IV cristão -, não é verdade que esses jogos fossem totalmente alheios aos interesses, sobretudo das grandes famílias, que jogavam neles o seu prestígio social e político.
Tinham a vantagem de serem organizados sempre na mesma cidade, de não incluirem prémios monetários e de não haver disputas senão entre os participantes, o que fazia com que tudo acabasse por ser realmente desportivo, ainda que, de facto, não pudesse competir quem não tinha dinheiro.
O Barão de Coubertin, ao querer restaurar os jogos olímpicos como competição puramente desportiva, eliminou deles aquilo que, apesar das aparências, os mantinha, de facto no âmbito desportivo: o seu carácter de festa gratuita, ligada à transcendência e o lugar fixo da sua fixação, impedindo assim competições de prestígio entre cidades.
Pierre de Coubertin pode bem considerar-se, não direi propriamente um precursor, mas um símbolo do que se passa com os actuais construtores da Europa:
Há, porém, uma grande diferença: o generoso aristocrata francês, ainda que não tenha visto o vergonhoso espectáculo a que assistimos neste momento, deu-se conta bem cedo do logro em que tinha caído; os autores do tratado que agora se chama de Lisboa nunca assumirão a responsabilidade que lhes incumbe no infeliz futuro dos povos que aglutinam com ineresses puramente comerciais e estratégicos.

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